Desancar

Frio e frouxo!

Esses dias tão degredados

Ao sorrir, fecham-lhe a cara

Com um desdizer insuportável

Frouxo quão as cicatrizes da vida

E a saída ainda dantesca

E a mão amiga, deveras a de Judas Iscariotes

E o irmão que negará o pão

Um dia após ser ajudado

E negado fora. Tiraram-lhe a vida

Não essa, que sem ela tudo acabou

Mas, lhe tiraram o filho

Numa noite chuvosa de verão

Seus únicos amigos

O cigarro, o trago, o papelão

E uma marquise

Que lhe protege a meio corpo

E o que lhe sobrou o soco,

Que a vida o deu mesquinhamente.

Os espinhos que ele mesmo semeou

São entraves a cada soluço

E de bruços, a calma de seu corpo fala.

De manhã

Olhar cinza

E sorriso desdentado

E um saco com todo o seu tesouro ao lado

Frio e frouxo. É o iniciar dos mesmos passos.

Genival Silva
Enviado por Genival Silva em 05/08/2011
Reeditado em 05/08/2011
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