VELÓRIO
Plúmbeo e morno é o silêncio que paira no ar.
Até mesmo as flores recolheram o seu perfume.
As velas, ora acesas, não conseguem revelar
Teus segredos, teus amores, teus costumes...
Os olhares se entrecruzam, estupefatos, vulneráveis...
A tristeza faz morada em cada rosto, em cada peito.
Até quando viveremos nossas vidas miseráveis?
Será que, frente à morte, mudaremos o nosso jeito?
Na quietude de tua face, gélida como a neve,
Não há espaço para sonhos, planos, ilusões...
Na tua inércia, descubro que a vida é breve...
Cubro-te com o lençol das minhas emoções!
Por não entender a morte, quedo-me, impotente!
Fixo - uma vez mais - o meu olhar nos olhos teus
Que, fechados para a vida, pela morte inclemente,
Não poderão enxergar o meu aterrorizado adeus!
Cabisbaixo, levo-te para a tua derradeira morada.
Mais uma história de vida aqui se encerra...
E, antes de seguir pela minha tortuosa estrada,
Jogo sobre ti três punhados de terra!
Alexandre Brito - 04/08/2011
(*) Imagem: Google