Estrela Sem Brilho

Hoje dispenso o prefácio, afinal é só poesia...

Hoje tomei meu café amargo de madrugada

Fui trabalhar confesso bem magoada

Dirigi com um silêncio dentro de mim que nem sei

Talvez os óculos escuros consigam esconder do mundo que eu chorei

Essa noite choveu e lavou da minha janela o pó

Mas dentro do meu peito sinto como se tivesse dado um nó

Primeiro no sítio joguei milho para as galinhas no terreiro

Não sei mais as vezes os animais me parecem mais verdadeiros

Ao levar ração para os porcos no chiqueiro

Engoli o choro que jurei ser o derradeiro

Pedi para que eu mesma selasse meu alazão

O cavalo ficou inquieto

Acho que percebeu o tremor nas minhas mãos

Cavalguei pelas belas terras de Minas Gerais

A mesma mão que afaga não pode ser capaz de cravar o punhal nas costas da moça de Batatais

Desci em frente a um riacho

Molhei meu rosto e a água escorreu pelos cabelos cheios de cachos

E fiquei me perguntando porque justo comigo?

Afinal para que servem dois braços se não puderem ser abrigo

Poucas vezes na minha vida

Eu acordei tão sentida

Para qualquer um que perguntar

Digo que é só poesia

Não precisa se preocupar

Volto sempre no final do dia

E a noite já deve de estar repleta de estrelas no céu

Algumas mais brilhantes

Outras mais importantes

Algumas mais belas do que eu

Outras que quando você virar as costas já te esqueceu

Porque nenhuma estrela merece ser apagada de nenhuma constelação

Hoje sinto meu peito oco mais dolorido como se eu ainda tivesse coração

Encha de estrelas nessa noite fria o seu céu

Eu perdi o brilho mais não o brio de um dia ter sido uma estrela chamada Raquel...

Raquel Cinderela as Avessas
Enviado por Raquel Cinderela as Avessas em 07/06/2011
Reeditado em 07/06/2011
Código do texto: T3020504