Estrela Sem Brilho
Hoje dispenso o prefácio, afinal é só poesia...
Hoje tomei meu café amargo de madrugada
Fui trabalhar confesso bem magoada
Dirigi com um silêncio dentro de mim que nem sei
Talvez os óculos escuros consigam esconder do mundo que eu chorei
Essa noite choveu e lavou da minha janela o pó
Mas dentro do meu peito sinto como se tivesse dado um nó
Primeiro no sítio joguei milho para as galinhas no terreiro
Não sei mais as vezes os animais me parecem mais verdadeiros
Ao levar ração para os porcos no chiqueiro
Engoli o choro que jurei ser o derradeiro
Pedi para que eu mesma selasse meu alazão
O cavalo ficou inquieto
Acho que percebeu o tremor nas minhas mãos
Cavalguei pelas belas terras de Minas Gerais
A mesma mão que afaga não pode ser capaz de cravar o punhal nas costas da moça de Batatais
Desci em frente a um riacho
Molhei meu rosto e a água escorreu pelos cabelos cheios de cachos
E fiquei me perguntando porque justo comigo?
Afinal para que servem dois braços se não puderem ser abrigo
Poucas vezes na minha vida
Eu acordei tão sentida
Para qualquer um que perguntar
Digo que é só poesia
Não precisa se preocupar
Volto sempre no final do dia
E a noite já deve de estar repleta de estrelas no céu
Algumas mais brilhantes
Outras mais importantes
Algumas mais belas do que eu
Outras que quando você virar as costas já te esqueceu
Porque nenhuma estrela merece ser apagada de nenhuma constelação
Hoje sinto meu peito oco mais dolorido como se eu ainda tivesse coração
Encha de estrelas nessa noite fria o seu céu
Eu perdi o brilho mais não o brio de um dia ter sido uma estrela chamada Raquel...