Ilha da solidão
Parti numa viagem que vai levar tempo, paisagens imóveis, instáveis marés. De mala e cuia me joguei no mar infindo, gelado, bravio e sem ninguém para acompanhar ou nortear-me para onde é que é.
O meu barco já sofreu muitos furos e agora navega sem âncoras, sem botes salva-vidas, sem leme.Tempestades repentinas só fazem minha cabeça rodar e meu estômago tremer; não sei se de medo, pavor ou fome. Não sei se de angústia, de sono, de solidão. Não sei. Ele treme. Pode ser o meio do percurso, árduo, sombrio, que me faz enjoar.
Eu não aprendi a nadar e facilmente me afogarei nesse mar que não se acalma, poderá sugar minha alma para o fundo e lá deixar. Mas se eu com meu barco aportar, na margem permanecerei salva, segura e em terra firme, porém, ainda sozinha, ainda sozinha.