Aquele homem
Sentado à cadeira vejo um homem.
Olhar distante, sem brilho.
Sem esperanças de reconquistar aquilo que perdeu.
Segura em suas mãos frias e trêmulas,
Um espelho.
Mas as imagens que se formaram estão retorcidas.
Como se meus olhos estivessem cobertos por lágrimas,
Gotas e mais gotas que ofuscaram minha visão.
E quanto mais me aproximo do homem,
Mais sua face se torna familiar.
Mas não vejo mais o ar de alegria que nos contagia,
Não vejo mais a vontade de querer seguir em frente.
Enxergo apenas o sofrimento de um coração partido.
Como se o caminho escolhido,
Não tivesse lhe dado opção de felicidade.
Onde está a expressão de menino alegre, brincalhão,
Que sempre podia-se ver no rosto daquele homem?
Quando vejo aquele homem,
Sentado àquela cadeira,
Segurando aquele espelho,
Sou tomado pelo espírito da aflição, angústia.
Desejo de voltar atrás e modificar o que foi feito.
Ah!, o tempo ...
Agora entendo o porquê de tamanha solidão e sofrimento.
E sentado à cadeira, vejo o homem em pedaços.
Fragmentados por sobre a mesa.
O sofrimento e a dor ainda não o abandonaram,
Mas ele segue em frente, sem lágrimas nos olhos.
Agora minha visão já não se ofusca mais.
Está clara como vidro, um espelho.
E me aproximando daquele homem,
Vejo minha face estampada em seu rosto, em pedaços.
Quebrado o espelho ele havia.
Então pude compreender.
Sentado àquela cadeira vejo que o homem sou eu,
Ou o que posso dizer que restou de mim.