Papéis Avulsos
Vela acesa, noite fria.
Range a cadeira de balanço no escritório.
Os barulhos da caneta no papel são inconfundíveis.
E, como um sopro suave, de repente, se foi.
Descansando sobre rosas e roupas que aparentam ótimo estado.
E a vida que antes se regozijava, hoje se vai.
Como sopro suave.
A vida é como uma doença,
Chega sem pedir licença, vai sem dar adeus.
Simplesmente vai.
E na manhã que surge,
Já não ouço o ranger da cadeira.
A mesa antes coberta de papéis avulsos, hoje se encontra vazia.
A vida se foi, como um sopro suave.
Sem deixar marcas, sem nenhuma dor.
Simplesmente, foi.
E nos jardins diante da janela do escritório,
Vejo quem antes fazia a caneta dançar sobre a escrivaninha.
E o que posso dizer?
Já não ouço a cadeira balançar,
Tudo acabou.
A vida se foi.
A vela apagou.