Papéis Avulsos

Vela acesa, noite fria.

Range a cadeira de balanço no escritório.

Os barulhos da caneta no papel são inconfundíveis.

E, como um sopro suave, de repente, se foi.

Descansando sobre rosas e roupas que aparentam ótimo estado.

E a vida que antes se regozijava, hoje se vai.

Como sopro suave.

A vida é como uma doença,

Chega sem pedir licença, vai sem dar adeus.

Simplesmente vai.

E na manhã que surge,

Já não ouço o ranger da cadeira.

A mesa antes coberta de papéis avulsos, hoje se encontra vazia.

A vida se foi, como um sopro suave.

Sem deixar marcas, sem nenhuma dor.

Simplesmente, foi.

E nos jardins diante da janela do escritório,

Vejo quem antes fazia a caneta dançar sobre a escrivaninha.

E o que posso dizer?

Já não ouço a cadeira balançar,

Tudo acabou.

A vida se foi.

A vela apagou.

Otávio Rocha
Enviado por Otávio Rocha em 12/05/2011
Reeditado em 23/05/2011
Código do texto: T2964882
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