Outono de Mim
Desejo que, depois
o tempo continue lendo,
palavras de primavera de outrora...
Hoje folhas secas
caem de mim ecoando o grito
sufocado pela dor da desesperança,
chegam ao chão espatifadas
em infímos pedaços,
quase pó...
O tênue pó que um dia houve
o brilho da vida
em gigante fortaleza,
que agora não passam de míseros
fragmentos de galhos secos,
quebradiços e esfarelados pelo tempo algoz,
soltos ao vento.
Onde pousarão ninguém sabe.
Nem eu sei onde descansarei
no frio do eterno
e gélido inverno que aproxima-se.
O bolor do mofo fede das
reminiscências que já
não fazem mais sentido.
De tudo que foi,
nada valeu,
nada serviu,
nada sobrou,
somente os sanguessugas imediatistas
e consumistas do agora.
O que mais querem?
Quantos outonos foram?
Não sei...
Nem percebi quando eles chegaram.
Só sei que atravesso um outono sem volta,
A raiz apodreceu e a árvore esta oca,
totalmente vazia e sem vida.
Perderam-se o perfume das flores,
murcharam...
Os dias são lúgubres,
a vegetação inerte,
no peito jaz o silêncio,
da espera do fazer-se cumprir
o que no firmamento
já está sentenciado.
E as cinzas deste outono,
flutuarão livres em brumas,
despertando emocionadas
em uma estação melhor,
no futuro outono de mim.