Outono de Mim

Desejo que, depois

o tempo continue lendo,

palavras de primavera de outrora...

Hoje folhas secas

caem de mim ecoando o grito

sufocado pela dor da desesperança,

chegam ao chão espatifadas

em infímos pedaços,

quase pó...

O tênue pó que um dia houve

o brilho da vida

em gigante fortaleza,

que agora não passam de míseros

fragmentos de galhos secos,

quebradiços e esfarelados pelo tempo algoz,

soltos ao vento.

Onde pousarão ninguém sabe.

Nem eu sei onde descansarei

no frio do eterno

e gélido inverno que aproxima-se.

O bolor do mofo fede das

reminiscências que já

não fazem mais sentido.

De tudo que foi,

nada valeu,

nada serviu,

nada sobrou,

somente os sanguessugas imediatistas

e consumistas do agora.

O que mais querem?

Quantos outonos foram?

Não sei...

Nem percebi quando eles chegaram.

Só sei que atravesso um outono sem volta,

A raiz apodreceu e a árvore esta oca,

totalmente vazia e sem vida.

Perderam-se o perfume das flores,

murcharam...

Os dias são lúgubres,

a vegetação inerte,

no peito jaz o silêncio,

da espera do fazer-se cumprir

o que no firmamento

já está sentenciado.

E as cinzas deste outono,

flutuarão livres em brumas,

despertando emocionadas

em uma estação melhor,

no futuro outono de mim.

Grace Fares
Enviado por Grace Fares em 31/03/2011
Reeditado em 23/04/2011
Código do texto: T2882104
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