Experimentando O Frio
Longe todos os Invernos,
Dançantes Impérios,
Que tem em mim um súdito
Congelado no túmulo.
Estou enterrado e caminhando,
Estou lá onde tenho sono,
O Sono Frio Da Rica Deusa Solidão,
A Mãe Singela Dos Nãos.
Negativas são as minhas visões,
A neve caindo encobre-me,
O gelo em minha alma multiplica-se,
Gélidas hão de ser as idas.
Quais idas hão de ser gélidas?
Gélido é todo meu mundo,
Mundo frio que eu sinto
No Muito Frio que estou.
A cama onde espero morrer,
Morrer A Libertadora Morte,
Congela-me perversamente,
Deturpa-me pesadamente.
Meu leito supremo
De todas as noites frias
É o túmulo momentâneo querido
Quando adormeço chorando.
Adormeço chorando alto
Nos braços fortes do Deus Frio,
Os sonhos que tenho são lindos,
Lindos como lixo.
Meus sonhos são invernos,
Encontro neles todos os meus Demônios,
Os meus tentadores íntimos,
Os frios carrascos do meu Ser.
Nas horas frias de sono
A dor desesperada é geada,
Tempestade quando choro mais,
Chuva de granizo no Verão.
Quando acordo é Primavera,
Primavera gélida assassina,
O Outono apresenta-se maior,
O Inverno me ensina.
O Inverno,
Os Invernos,
Os Invernos me ensinam
A Fria Doutrina Da Deusa Dor.
O Deus Frio deles é o professor,
O Mestre Sagrado Maior
Da trilha que friamente só percorro,
Da estrada que só já friamente acabou.
Em meu lento agonizar
Encontro outro Deus Frio,
O Deus Frio da minha morte viva,
A qual sou obrigado a suportar morto vivo.
Pergunto-me porque estou no Frio,
Pergunto,
Pergunto,
Pergunto...
Ouço a resposta do Frio,
Ouço a chegada do Inverno,
Ouço todos os Invernos,
Gélido é o meu frio destino.