DEIXA-ME A AURORA ENTERNECIDA

Sonhara com céus acinzentados

Torvas nuvens e carregadas

Teus protestos empedrados,

Tão perdida em tuas pegadas.

Enlanguecidos os meus braços

Pelo choque deste tranco vil,

Arrebata-me aos escassos

Argumentos para algum ardil.

E me apregoas morte moura

Que do peito fervente arqueja

E minha turva visão doura,

Por não ver a paz que tanto almeja.

Tu não pensavas n´outra coisa,

Senão nesta tua vil doença

Que te põe cega, perdida e doida

Para me impor esta sentença.

No silêncio da noite, absorto,

Nos muitos ditos e tropéis,

Meu pensamento tão morto,

Como na lixeira, os papéis.

Eu sou do trauma a punição,

Sou da tua vida, para-raio,

E tu da minha flor em vão,

Como se a vida fosse ensaio.

E nesta tua lúrida face

Que faz de mim teu sindicado

Como se eu usasse um disfarce

Ou vivesse dissimulado.

Não a mim, irás punir, não a mim!

Te dei só amor, te dei vida!

Se o fim buscas, terás então o fim,

Mas deixa-me a aurora enternecida!

(YEHORAM)

YEHORAM BARUCH HABIBI
Enviado por YEHORAM BARUCH HABIBI em 18/03/2011
Código do texto: T2855816
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