Meus olhos seguram uma antiga foto,
Em preto e branco,
Com as incrustações amareladas do tempo.
Já não se veem os rostos com muita nitidez,
Mas o brilho dos olhos,
A pureza dos sorrisos
E a força da amizade
O tempo não conseguiu apagar.
Ainda consigo identificar a história
Que se esconde por detrás de cada rosto...
Os mais tresloucados sonhos...
Será que foram realizados,
Ou se perderam na dura realidade da vida?
Ligo para um: - Está com Alzheimer!
Ligo para outro: - Está com depressão!
Procuro por um terceiro: - Morreu há mais de um ano!
Meu Deus! Quanto desengano!
Quanta ilusão!
A foto se desprende dos meus olhos
E cai... e rola pelo chão.
Procuro por mim mesmo...
Não reconheço a imagem
Refletida no espelho.
Agora sinto na alma
Muito frio... muito medo...
Pois sinto que a areia do tempo
Cai insensível... inexorável...
Sobre a solidão dos meus dias.
Obs.: Poema publicado nas páginas 26 e 17 do meu Livro de Poesias intitulado FRAGMENTOS DO CORAÇÃO.
Editora MJR - 2010