Rascunho De Uma Vida Sem Valor
Há quanto tempo anseio
Estancar a dor que sinto
Envolto em fogo e, receio,
Amaldiçoado e extinto
Conheci pouco da glória
Da qual hoje nada resta
E logo acaba a estória
Moribunda e funesta
O corpo morto mantém presa
Uma alma a ser liberta
Afundada na tristeza
E tanta dor ela desperta
A besta da escuridão
Que dentro de mim impera
Me guia, morto, sem visão
À tristeza, que me espera
O ódio corre nas veias
Me absorve por completo
E lágrimas, como teias
Tecidas do chão ao teto
Cansado da caminhada
Por este enorme labirinto
Descanso eterno, morte, sonhada!
Dou-te minh’alma, não minto!
Mas não sou um pecador
A morte hei de esperar
E ansiar com ardor
O inferno meu nome chamar!