A NONA CHAMA
Apagou-se a minha nona chama,
a vela que acende as demais,
agora, no peito, uma dor inflama,
vivo as minhas luzes gerais.
Não sei se vivo ou se morro
nem se ando ou se me dirijo,
se inerte fico ou se corro,
a minha dor é o meu regozijo.
E agora em teu inóspito seio,
que nunca de fato me mantive,
só estive em freima e devaneio
pela dor que em mim agora vive.
O sopro da discórdia que apaga a vela
das nove acesas que tudo fumaçam,
a hanukiá que estava posta na janela
nas trevas da noite que ameaçam.
Mas queima a chama até apagar-se
pela falta de pavio e parafina;
queima a noite toda até findar-se
queima, ó vela menina!
(YEHORAM)