DUAS CRIANÇAS
Dois seres na aurora da vida
Duas crianças a se amar.
Em seus sonhos e ilusões
A chama acesa nos corações,
Jamais irá se apagar.
Duas vidas inocentes
Flores vivas em um jardim.
Na alma destas crianças
Reinava forte a esperança,
De uma felicidade sem fim.
Colhendo flores pelos campos
Em suas purezas infantis.
Corriam alegres pela praia
Sem saber que, de tocaia,
O destino lhes traçava ardís.
Dos gorotos de outrora
Suas fantasias foram destruídas.
O menino da cútis alourada
E a menina de pele acetinada,
A outras vidas estão ligadas.
Novamente se cruzaram
Aqueles seres do passado.
Nos corações reacendeu a chama
Pois a alma que se ama,
Não esquece o seu amado.
Seus olhos se encontraram
Recordando a infância de outrora.
Notaram então desesperados
Que hoje tudo está mudado,
Suas manhãs não tem aurora.
Relembraram o tempo ditoso
Quando trocavam juras de amor.
E os lábios agora selados
Os meninos estão algemados,
A outros corpos sem calor.
Flores despetaladas pelo inverno
Sem sol para os aquecerem.
Vão os meninos separados
Chorando a saudade do passado,
Com os corações relutantes em esquecerem.
Menino do cabelo dourado
Vaga pela vida sem esperança.
De se unir à sua amada
A menina da pele acetinada,
Que jamais lhe sairá da lembrança.