Desabafo
Em praticamente todo canto que olho
Me deparo com a solidão
Sentimento que extravia todo meu direito
De razão
Procuro em um par de olhos
Resposta para a dor que aos poucos toma
Minha vontade de caminhar sobre esses solos
Mas não há nada que o transmuta
Tudo,tudo começa a desaparecer
A alegria de outrora é apenas uma sombra majestosa
Coroada pela sombria memória
Talhada como uma tenra e profunda cicatriz
Escravo de uma vontade nunca preenchida
Certeza inadmissivel
O ser amado que procura o amor jurado
Morre em uma cama a cada dia, infeliz
Afinal o que tu queres?
Afinal o que lhe falta?
Sejam todas as mulheres inferteis
De paixão e razão imperfeita
O que me resta?
Senao vagar e esquecer
Cambaleando de uma a outra ponta
Para ver se consigo pelo menos preencher
Com uma singela mentira toda essa ópera
Que insisti em existir sem minha assinatura
Alimento de minha ira
Estupidez altiva
Sigo e caminho, em traços tortos
Bêbado e feliz
Quem não pensa não vê
E quem não vê opção avança sem nenhum sermão
Sou apenas um egoísta
Preso em sensações pútridas e disformes
Minha sombra, sombra minha
Ajuda-me a por estes uniformes
Pois já não sei se um dia conseguirei compreender
Porque o tempo mancha a vontade
E faz com que os beijos e afagos deixem de ter
A presença do fogo que ardia
Abraço novamente minha bela garrafa
Seu semblante me tras paz
E assim posso finalmente dormir
Aconchegado, estive muito cansado
Cansado por ser o que sou
Por sentir o que sinto
E por ver o que sempre escuto e cheiro
Calado o enamorado esquece
E o esquecimento é o melhor remédio para curar
A dor sofrida pelo imaginário
Inventado
Do coração...