Desabafo

Em praticamente todo canto que olho

Me deparo com a solidão

Sentimento que extravia todo meu direito

De razão

Procuro em um par de olhos

Resposta para a dor que aos poucos toma

Minha vontade de caminhar sobre esses solos

Mas não há nada que o transmuta

Tudo,tudo começa a desaparecer

A alegria de outrora é apenas uma sombra majestosa

Coroada pela sombria memória

Talhada como uma tenra e profunda cicatriz

Escravo de uma vontade nunca preenchida

Certeza inadmissivel

O ser amado que procura o amor jurado

Morre em uma cama a cada dia, infeliz

Afinal o que tu queres?

Afinal o que lhe falta?

Sejam todas as mulheres inferteis

De paixão e razão imperfeita

O que me resta?

Senao vagar e esquecer

Cambaleando de uma a outra ponta

Para ver se consigo pelo menos preencher

Com uma singela mentira toda essa ópera

Que insisti em existir sem minha assinatura

Alimento de minha ira

Estupidez altiva

Sigo e caminho, em traços tortos

Bêbado e feliz

Quem não pensa não vê

E quem não vê opção avança sem nenhum sermão

Sou apenas um egoísta

Preso em sensações pútridas e disformes

Minha sombra, sombra minha

Ajuda-me a por estes uniformes

Pois já não sei se um dia conseguirei compreender

Porque o tempo mancha a vontade

E faz com que os beijos e afagos deixem de ter

A presença do fogo que ardia

Abraço novamente minha bela garrafa

Seu semblante me tras paz

E assim posso finalmente dormir

Aconchegado, estive muito cansado

Cansado por ser o que sou

Por sentir o que sinto

E por ver o que sempre escuto e cheiro

Calado o enamorado esquece

E o esquecimento é o melhor remédio para curar

A dor sofrida pelo imaginário

Inventado

Do coração...

Vams
Enviado por Vams em 06/11/2010
Código do texto: T2600123
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