Um dia, talvez...


Sou fiandeira a tecer fios de esperança
Na roca que o tempo deixou em minhas mãos.
Desde que o amor foi-se embora descuidado
Desfazendo as amarras de meu coração.
Permaneço à espera na teia imaginária
Criada para servir de abrigo à minha emoção.
Dias, vão e vem num continuo desfiar de sonhos
Tecidos durante as noite insones e solitárias
Desfeitos na claridade da percepção.


Por quantas vezes ainda hei de ser capaz
De tecer a trama até que o amor me reencontre
Penélope em busca deste Ulisses de ilusão?
Talvez voltes ao escutar o pranto enquanto fio
Ou talvez não voltes nunca mais.


-Helena Frontini-