INEVITÁVEL MORTE
Eu vivo a morte
caminho para ela sem pensar
há quem me conforte
até o lado de lá.
Sou, hoje, a sua gestão,
amanhã me comandará
não aceitará um não
apenas me desligará.
A morte que vivo
é a vida que morro
a tua face, cativo,
não a verei de novo.
Se morro eu vivo
se vivo morrendo´
só retardo altivo
e nela vou vivendo.
Enterro o desconhecido
vejo a terra o cobrir
a ele não é percebido
nem há motivo para ouvir.
Desvio o seu anjo
da minha direção
saúde esbanjo
ao elevar minha mão.
É inevitável o fim,
nascer é opção
mas depois quem cuida de mim,
senão a escuridão?
Seus agentes são muitos
mas também uns poucos são
rara gente, raros fluidos,
rara para mim é esta visão.
Cumpri um mandamento,
entoei uma triste canção
que eleva o pensamento
e purifica o coração.
Vi o caixão dela, o conduzi,
rezei até a sua cova
a oração eu traduzi,
amanhã é lua nova.
Espero estar no livro da vida boa,
e mais este ano, mais oportunidade,
viver aqui sem permanecer a tôa,
mas podemos sentir a saudade.
É certo que ela vem
trata-se apenas de quando,
mas uma coisa nos convém,
viver a vida e a morte sonhando.
(YEHORAM)