ESCULTURA DE MÁRMORE
Acho que você acredita
Que brigar comigo
Traz-me alguma alegria
Mas já nem é mais um castigo
Pois, minha face enrijecida
Não demonstra mais emoção
Além da que foi esculpida
Pelo talento da solidão
Essa solidão mórbida e desalmada
Que eu vivo acompanhada
E você tenta em vão recuperar
A luz que acendia em meu olhar
No descasamento afetivo
A mulher perde a ilusão
Falar de amor fica sem sentido
E o sexo pede a razão
Já nem sei se minha indiferença
É o que mais lhe afeta
Ou se é a minha descrença
Que a seu ego marreta
E vive a julgar a minha lerdeza
Mal vê que não passa de tristeza
Quanto mais exaltares a sua “árvore”
Mais esculpirás a minha cara de mármore
Você não me assusta mais quando vai
Nem me surpreende quando volta
Mas sua face ainda se contrai
Ao perceber que já não mai me importa
E tenta me reconquistar no grito
Como se sua voz alta
Ainda mexesse comigo
Se já nem sinto mais sua falta