Lábios do amor distante
Tristeza...
tão íntima minha,
ladra dos meus sorrisos,
agora que nem sei cantar!
Alma penosa em pranto,
em branco, em negrume intenso,
sem motivo pra continuar...
aonde mais me perderei?
Tenho a boca amarga,
o veneno plácido por entre os sonhos,
o fel da verdade mansa,
as cores riçando o chão!
Volúvel em seus braços,
trança por entre a dor da sorte minha
um entrelaço de cansaço e pavor...
levou toda esperança, amiga minha!
Tristeza... lua cheia...
ainda me perco em sombreado triste,
és minha calma, rasgar d'alma
frustação da forma riste...
dos lábios do meu amor distante,
tristeza, minha doce amante,
tortura a mesma verdade daninha...
só, solidão, sofro ainda...
pelos olhos que dantes vivos,
pela mão que carinhava os suspiros,
breves beijos de paixão latente,
toda sorte dos meus caprichos...
Fica comigo, parceira minha,
que o amor se queda distante,
tenho a face distorcida e errante,
sou uma vontade que se advinha...
de provar, oh tristeza!
é tudo pálido cheio de dores,
calores, tremores, arrepios,
pássaro do amor que em mim se aninha!