Pranto Pequeno

Na embriaguez do lamento

Sou lágrima sussurrando,

Deslizando, tecendo na face o verbo

Querendo desvendar em versos

O mistério da fé, da dor, do luar,

Da mágica flauta em devaneios

Com a solidão!

Em meus sonhos

A fragata dá o tom pelos mares do sul,

Pelas marés da palavra

Dita, escrita, grafada n’aura,

No dobrar dos sinos tingindo a paisagem,

O segredo velando a saudade

Com a sutileza do anoitecer!

No andar da carruagem

Sou rabisco rabiscando o botão,

Desenhando, moldando nas mãos o avesso

Do inconfesso desejo,

O sabor da bebida, do risco, do sentir,

Da fantasia do piano em pautas

Com o coração!

Em minhas andanças

O corcel dá o toque pelos campos dourados,

Pelas figuras da poesia

Narrada, pintada, tatuada n’alma,

No caminhar do tempo vestindo o corpo,

O argumento do vento ventando

Com o romance do amanhecer!

Auber Fioravante Júnior

17/02/2010

Porto Alegre - RS