Dos meus medos
Tenho medo
de uma dia fugir
não deixar rastros
e meus passos
pra tão longe me levem
que de mim se afastem.
Medo da violência gratuita
nas esquinas sem quinas.
Dos carrascos da sorte
que, de assalto, tomam a vida.
Medo de olhar nos teus olhos
e não ver oceanos
nem prata da lua
ou sóis de verão.
De não colher saudade
medo de não ser saudade
no cheiro da maré vazante.
Tenho medo de que a esperança se afaste
e a poesia não mais floresça
nas tardes.