Falas desencontradas
Hirto, pensativo, parado.
Sem forças prá questionar...
As palavras, exauridas, não mais fazem sentido;
Choram, depositadas numa conta a descoberto.
Paira sobre nós dois, insidiosa, a sombra terrível da dúvida,
Nota dissonante em uma pauta límpida.
Estamos precisando urgentemente de um tradutor.
As nossas falas não mais se encontram – tomaram rumos diversos.
Desertaram os nossos momentos de encanto, assustados com tanto desalento.
Quiçá, queimando os meus navios, descobrirei que preciso partir.
Olho curioso pro meu umbigo, velho amigo que há muito não vejo.
Em Pasárgada, terra dos sonhos perdidos, me espera a cama em que preciso dormir.
Quando nos aferramos a um discurso pré-estabelecido costumamos fechar as portas para o que não queremos escutar, mesmo ao custo de perdas irreparáveis. O medo da mudança é tão assustador que nos paralisa, premiando-nos com justificativas que não convencem a ninguém – nem a nós mesmos.
Cidade dos sonhos, noite da primeira Sexta-Feira de Fevereiro de 2010
João Bosco