ISLAINE
Eu te mato porque sou bicho, fera
E te firo porque me apraz
Tu irás para a terra
Onde não falarás
Mais uma mulher que de si não é dona
Mais uma que não sabe da maldade humana
Que é obrigada a querer
A amar
Vai, mulher para não se sabe onde
Vai, menina
Que do bicho não te escondes
A lei é parada no papel
O bicho se move
Filmaste tua morte estúpida
Como uma rolinha abatida
Tão jovem
Tão bonita
Mulher não pode ser livre
Só pode aceitar
E com o bicho se deitar
Onde agora a tua voz
As tuas mãos
Teus imensos olhos de solidão
Que adiantou avisar
Anotar e até gravar
O bicho veio sem pestanejar
Vai, criança, e quando estiveres nos braços de Deus
Dize que fazem filhos Seus
Que matam mulheres
Que acham que fizeram bem
Que mulher que mulher quer ser
Não vale um só vintém
Que adiantou matar a inocente
Sem ela ficarás
Monstro, demente