PERDAS

PERDAS

Vejo meu rosto se fechando na neblina

do tempo que escorre na ladeira;

os olhos se turvando, dia a dia,

pelas lágrimas que descem sem avisar.

O poente já não acende as fogueiras

e as estrelas solitárias se recolhem

ao fim da noite, sem atender aos apelos do luar.

As flores que bordavam meus olhares

quedam-se murchas, já não exalam perfumes.

Os passos lépidos da gazela em plena relva,

só marcam compassos e chamam a escuridão.

Restam-me hoje as palavras e as lembranças

que vagam soltas à procura do poema.

As noites vestem seus sussurros de mistério:

querem orvalho e o brilho dos vagalumes

e eu quero saber onde foi parar o meu brilho

que o espelho recolheu e não devolve.

BASILINA PEREIRA

Basilina Divina Pereira
Enviado por Basilina Divina Pereira em 09/01/2010
Código do texto: T2019127