MARIANA

Naquele instante em que ja não mais existia
imersa no sono profundo que acomete os mortos
uma estranha melodia, funesta melodia despreedia de sua expressão serena ;
Em vestes pueris dentro do ataúde jazias qual anjo adormecido,
o pai em desespero alisava seus cabelos e a mãe na mais profunda dor, a dor inimaginável, a dor que corrói a dor que mata, mãos tremulas e expressão desesperada,
Em volta do caixaozinho branco simples, doado pelo serviço funerário, aquele ser em sono profundo e apavorante que a morte ingrata levava sorrateira,
via-se ali o destino comum a todos e todos se condoiam na dor daquela atmosfera triste e fúnebre,
O pai dizia " Deus resolveu levar meus filhos" como se o destino lhe pregasse uma peça, era o mais desgraçado dos homens,
As pessoas se aproximavam da criança e viam aquele cenário surrealista, realista, em todo sua concretude na morte que se apresentava aquele ser que acabara de completar 5 anos,
O cortejo fúnebre saiu em direção ao seu lugar definitivo- o cemitério,
Era um momento triste como uma música de Billie Holliday
No momento do enterro o pastor disse que " Mariana não estava sendo enterrada, mas que era uma semente ... que estava sendo entregue a Deus e que pela sua pureza teria lugar garantido no céu e que ela apenas cumpria o designio divino "
Como se não suportasse a sua dor e nenhuma palavra amenizasse a sua desgraça, o pai em prantos chorava e dizia em seu infortúnio " Deus resolveu levar meus filhos.." Já que era o segundo filho que perdera num espaço de 4 meses...
Era uma tarde chuvosa de Dezembro, mais precisamente 30 de Dezembro,
No cemitério a cova raza estava preparada e o ataúde foi descido a meio metro de fundura, com uma certa eficiência os coveiros colocaram a tampa na cova e a selaram com cimento, Alguém chegou e sem dar muita importância aos presentes colocou um vazo de flores ao lado do jazíguo, Como quem dissesse " assim é o destino último do homem, uma cova funda, real e onde se encerra toda a nossas aveturas e desventuras o nosso fim é meio metro de chão "
Em meio ao pranto o amigo chama o outro para tomar um vinho e diz: " é assim que se esqueçe os mortos" ao que o outro em prantos perguntou: " e aos mortos se esquecem ?
Labareda
Enviado por Labareda em 03/01/2010
Reeditado em 13/06/2014
Código do texto: T2008338
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