O Inferno em meu Coração
O Inferno em meu Coração :
Parte I: Rejeição
Não importa o que me dizem,
Não importa o que eu faça,
Não interessa as opiniões alheias,
Nada mais importa para mim.
Você feriu o meu coração.
Você pisou nos meus sentimentos .
Rasgou a minha alma,
A deixou em pedaços.
Queimou os cacos que restaram do meu corpo.
Eu confiei em você,
E você me traiu.
Eu me entreguei de corpo e alma a você,
E o que você fez?
Me usou.
Me descartou e jogou fora feito um lixo qualquer.
Me desmereceu.
Você largou a minha mão,
Enquanto nos subíamos aquela montanha.
É isso que se ganha amando alguém?
Ódio,tristeza e solidão?
É isso que se ganha por amar alguém?
Decepção,dor e sofrimento?
Raiva? Angustia? Depressão?
Eu não sei...
Me sinto usado,
Como um idiota.
Rejeitado.
Humilhado.
Rejeitado pelo meu amor.
Rejeitado pela paixão.
Rejeitado por amar.
Parte II: Solidão e Tristeza
Não conheço mais niguem.
Não vejo mais graça nas coisas como antes.
As pessoas se apagaram.
Sumiram da minha memória,
Da minha vida.
Já não sei quem sou.
Já não lembro quem ela foi para mim.
São apenas memórias.
Lembranças ruins,
Que insistem em me atormentar.
Eu perdi tudo quando você me derrubou.
Eu já fui feliz ao seu lado,
Já tive lembranças felizes.
Já tive vontade de não me separar de você,
De não deixar você ir embora.
De inventar uma desculpa só para ficar mais tempo com você.
Mas...
E agora?
O que eu tenho?
O que eu sou?
O que você era deixou de ser
No dia em que disse não.
Naquele dia...
Que ficou gravado na minha mente...
Como uma assombração...
Me fazendo lembrar daquilo de que mais odeio
Todas as manhãs...
A minha tristeza...
A minha solidão...
É tudo culpa sua...
Culpa sua...
Sua...
Parte III: Raiva e Maldição
Dia após dia...
A raiva me consumindo...
Já não me olho no espelho
E me reconheço.
Já não sou mais um jovem poeta...
Muito menos um adolescente apaixonado.
As lágrimas secaram...
As mágoas ficaram...
E deixaram cicatrizes...
Cicatrizes que ardem todos os dias.
Alimentando o meu ódio
E minha raiva.
As pessoas que eu conhecia tentaram me ajudar...
Tentaram fazer eu esquecer do que você me fez...
Mas já era tarde...
Meu destino estava selado...
Quando eu te amaldiçoei
Sim,eu te amaldiçoei.
Eternamente.
Desejei a sua morte..
Sem pestanejar...
Sem pensar.
Roguei-lhe pragas das profundezas das trevas...
Jurei que ainda veria você sofrer exatamente o que eu sofri...
Palavras sem sentido...
Da boca para fora...
Mas como já dizia meu pai...
A mesma boca que abençoa,
É a mesma que amaldiçoa.
Parte IV: Culpa... e Raiva de Mim Mesmo
Eu tinha na cabeça
Que o pior dia da minha vida
Já tinha passado...
...Que ingenuidade...
O inferno estava apenas começando...
E tanto o meu destino como o seu estavam selados.
Como eu fui cego...
Como posso ter deixado minha raiva
E o meu ódio me dominarem?
Quando recebi a noticia...
De que você estava doente...
E de que a doença era incurável.
Não me alegrei
Como eu tinha pensado que iria me alegrar.
Bem pelo contrario.
Chorei.
Me culpei.
Afinal... era culpa minha.
Eu roguei pragas para cima de você.
Eu desejei o seu mal.
Eu lhe amaldiçoei
Quando deveria ter te abençoado.
Eu não te merecia.
Eu não te compreendia do jeito que você me compreendia.
Eu não tentava entender os seus sentimentos...
Era tudo eu,eu,eu,eu...
Eu fui um egoísta.
Sim,uma droga de um egoísta.
Que não sabia amar...
Que não sabia compreender...
Que não soube aceitar os seus sentimentos...
Eu nunca fui capaz de olhar para traz
E ver tudo o que você já fez por mim.
Eu era sozinho.
Era solitário
Triste,sem amigos...
Você me mostrou a luz.
A luz que eu sempre me negara a enchergar.
A luz que eu apaguei depois que você disse não.
É tudo culpa minha...
É por minha causa que você está doente.
É por minha culpa que você está sofrendo.
É por minha culpa.
Sinto raiva de mim mesmo...
Por ter transformado os seus sonhos
Em nada.
Por você ter me amado quando eu não merecia.
Por você estar doente.
Por você ter me conhecido.
Por ser tudo minha culpa.
Parte V: Despedida e Desespero
Os médicos te desenganaram.
Desenganaram seus pais.
Desenganaram os seus amigos.
Mas não me desenganaram.
Meu coração doía no peito,
Enquanto eu subia as escadas do hospital.
Parecia que ele pesava uma tonelada.
O seu bater era tão forte que parecia que ia explodir do meu peito.
Finalmente cheguei a porta do seu quarto.
Quando ia abrir a maçaneta
Senti o cheiro do seu perfume.
Perdi a coragem.
Relutei em entrar.
O meu coração estava me julgando
E condenando.
Entrei em seu quarto,
Com as pernas tremendo,
Com o olhar magoado e doído,
Com o meu coração em prantos,
Em desespero.
Lá estava você.
Deitada naquela cama.
Com falsas esperanças de que um dia iria sair dali curada.
Aquilo me doía o peito.
Mesmo doente e fraca,
Sua beleza,ainda que não fosse a mesma de antes,continuava a encantar.
Seus lindos e longos cabelos loiros,
Esvoassavam com o vento de uma janela aberta.
Sua pele clara como a neve,
Estava agora magra,branca como um fantasma.
Sua boca,
Onde você sempre passava aquele batom rosa claro que eu adorava,
Agora deram lugar a lábios ressecados,brancos e frios.
O seu olhar,com seus olhos azuis,
Agora parecia triste,abatido...
O azul fugiu de seus olhos,
Cedendo lugar a um tom acinzentado.
Seu olhar triste era como uma faca,
Penetrando no meu peito.
Tentei falar...
Mas as palavras insistiram em ficar presas na minha boca.
Quando você começou a mover seus lábios para falar comigo,
Me fitando com seus olhos azuis-acinzentados,
Eu jurei que meu julgamento começaria.
Você iria me jogar as mesmas pragas que eu havia jogado em você.
Você ia me condenar pelos restos dos meus dias.
Ia dizer que eu eu era o culpado por ela estar passando por tudo aquilo.
Eu! Eu era o culpado! Tudo o que ela estava sofrendo era culpa minha!
Eu estava pronto para a condenação,
Antes mesmo de você mexer a sua boca para dizer,
Eu estava pronto.
Não importava qual fosse o meu destino.
Eu estava pronto para tudo...
Pelo menos quase tudo...
Quando ela abriu seus lindos lábios para falar,
Ao invés de palavras rudes,
Ao invés de maldições,
Ao invés de pragas...
Tudo o que eu ouvi,
Antes do meu coração explodir,
Foi ela dizendo:
-Me perdoe... Me perdoe...Por favor,me perdoe...
Aquilo foi demais para mim.
Meus olhos se escureceram,
Ainda abertos.
Eu cai em sono profundo,
Ouvindo ela dizer:
-Me perdoe... Eu nunca deveria ter te dito aquilo... Me perdoe...
Parte VI: O Poeta Cego
Acordei.
Não sentia mais meu corpo.
Também só via o escuro.
Mais nada além da escuridão total.
O medico ao meu lado me disse
Que tive uma parada cardíaca.
Que eu tive todos os membros do corpo paralisados .
Que eu estava cego.
Mas eu sabia.
Era o castigo que começara.
Ainda que ela não tenha desejado mal a mim,
Deus estava me castigando.
Por todos os meus pecados.
Tudo o que eu enchergo é a completa escuridão.
O meu passado não existe mais.
Meu futuro acabou-se.
Tudo o que me resta é o meu presente...
E minhas lembranças dela.
Os meus pais me abandonaram no hospital.
Meus amigos me abandonaram.
Ninguém me visita naquele lugar.
Estou só,completamente só.
Mas não estou infeliz.
Eu aceitei o meu destino de cabeça baixa.
Como um cordeiro indo calmamente para o matadouro.
Porque eu te amei.
Por isso aceito meu destino de bom agrado.
Todos os dias me deixam na frente da porta do hospital,
Com uma enfermeira me virando conforme o sol,
E me avisando de todos os casais que passam por perto,
Como eu pedi.
Pois agora...
Tudo o que posso fazer com minha mão sã...
É escrever poemas para dar as pessoas...
Poemas de amor...
Poemas apaixonados...
Poemas sobre o arrependimento e sobre um perdão...
Pesso a todos que recebem estes poemas...
Ouçam estes apelos de um poeta cego...
Vivam o amor...
Sem arrependimentos...
Sem remorso.
Amem...Sobre todas as circunstâncias.
Amem uns aos outros...
Amem... E não dêem ouvido aquela maldita voz em sua mente,dizendo que estão te traindo,dizendo que você nunca vai achar o amor...
Amem além do seus corações e de suas mentes...
Não fassam de seus corações o inferno que eu fiz do meu!