Maldições do Acaso
Ó amargor, deixe-me em paz!
De rubro olhar funéreo
Prestes a lançar-me nos umbrais
Infinitos do terror etéreo.
Ó amargor, deixe-me em paz!
Plangente sonho recôndito,
Tu vieste tão silente
Carregando um sinal maldito
Que representa o Pesar vigente,
Plangente sonho recôndito.
Absconso e explicitamente brumoso,
Assim é meu coração em chagas
Obrigado a experimentar o trevoso
Sabor de desilusões aziagas.
Absconso e explicitamente brumoso.
Nas nuvens um raio surgiu
Anunciando o nascimento da tragédia.
Alguém acaso viu
Que durante a Idade Média
Nas nuvens um raio surgiu?
O amor foi feito por vós
Criaturas aladas do céu?
Foi um presente de algum algoz
Que ousou perpetuar o fel?
O amor foi feito por vós?
Meu legado será apenas um ataúde
Propenso a ruína.
Dissolva-se, portanto, minha saúde
Na imprevisível sina.
Meu legado será apenas um ataúde.
Setembro/2007