Minha Sorte
Sobre a pele carrancuda
Usualmente trago um símbolo do ocultismo pagão
Para afugentar a muda
Impressão de inferioridade da minha situação.
Às vezes, no oeste, o crepúsculo agoniza
Quando busco razão para o porvir.
Mas tenho um futuro que não se realiza
E um coração que não sabe mais sentir.
Estou determinado à finitude cognitiva,
Ao encerramento orgânico da atual vitalidade.
Restará uma carne inativa
Onde outrora residia espírito e sagacidade.
O que tenho de sorte
Para orgulhar-me com profunda miséria
É a certeza da morte
E da inexistência etérea!