SOB SETE VÉUS

Eu conheci o inferno
e o diabo, ora estava de branco,
ora vestia o azul mais terno...
escondeu seus chifres em seringas
que penetravam as carnes impiedosamente.
Agulhas que faziam o sangue jorrar
e a dor escorrer em lágrimas,
vindas de olhos tristes e indefesos...

horas infindas tomando todo o espaço.
A ausência perene de um carinho,
aumentando todo aquele cansaço;
a indiferença transitória
tornando outros seres invulneráveis
enquanto outros definhavam
na carência inútil e contraditória...

eu conheci o inferno.
Entendi que o próximo é o mais distante;
que o verdadeiro amor só é bastante
quando é recíproco e derradeiro.
E o ensinamento sobre a bondade
não tem a menor validade
quando o limite do céu é o despenhadeiro.



 
MORGANA CANTARELLI
Enviado por MORGANA CANTARELLI em 01/09/2009
Reeditado em 16/08/2013
Código do texto: T1787264
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