DOR CONTIDA

No dia da despedida,

Naquelas horas de horror,

Na sua face contida

O retrato da sua dor.

Lábios bem comprimidos

Cobriam dentes cerrados,

Cabelos presos e caídos

Sobre o rosto fechado.

Seu olhar triste, pesado,

Sem brilho e distante.

Um filme do seu passado,

Na mente naquele instante.

Os sorrisos as alegrias,

As vitórias alcançadas,

Os dissabores e agonias

Que às vezes sofreu calada.

Você era o muro gelado

Suportando a neve fria.

O mundo desabado

Em você, naquele dia.

Dos amigos, abraços

E palavras tão dolentes.

Em pé, no seu cansaço,

Árvore firme, âmago doente...

Já dentro de si não cabia

A suprema dor da vida.

Em lágrimas de agonia

Transborda a dor contida.

Antonia Roza

14.05.2007

Antonia Roza
Enviado por Antonia Roza em 08/07/2009
Código do texto: T1688852
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