Conto às sete horas
Ainda faria por você
Meu novo conto amistoso
Onde encontrasse teu nome
Como fundamento da escrita
Por que destruiria meu tempo
Se não vales nem palavras
Para esboçar num papel
Mas contrariei a mim mesmo
Estando aqui nas trevas
Estando aqui por você
Vivendo de novo
Não deixo aqui segredos
Para saber quem foi
E onde possa me encontrar
E minha vida relembrar
Levo comigo a alma perdida
Levo essas palavras escritas
Levo também a lembrança
De perder toda esperança
Em todas tuas promessas
Perdi até mesmo a luz
Que vivia aqui dentro
Perdi até mesmo as palavras
Para descrever meus sentimentos
Não me deixes aqui
Nesse canto solitário
Rezando para que a morte
Chegue a mim mais rápido
Não insisto na verdade
Não acredito que exista
Mil motivos para perdoar
Uma única razão tua
Levo-te comigo
Nas sombras que carrego
Nas mentiras que contou
Para me fazer feliz
Deixo a ti essas palavras
Símbolos da insignificância
Que ainda impera em mim
Sei que não te culpas
Que não mereces relembrar
Esses podres devaneios
Que leu aqui, agora
Mas ainda faz parte
Da parte que me mata
Desta parte de horrores
Que acreditei ser um sonho
Mas agora já acordado
Fiquei um pouco triste
Em saber que nem existe
Nesse pobre perturbado
Esse mesmo nem se lembra
Nem ao menos sente
Tudo que o fez sentir
É o que o fere novamente
E passam sete anos
Que às sete horas reza
Para sua alma perdoarem
E não mais se lembrarem
Do seu pobre passado
Fujas desta luz
Pois agora não te faz parte
Sorrir pelos derrotados
Encha-te de pecados
Só pra não enxergar
Todo lodo a sua volta
Toda sombra ao teu lado
Ficou cada vez mais sujo
Dentro dessas trevas
E cada vez mais triste
Por não poder chorar
Às sete horas decidiu
Não irei mais rezar...
Deixa que os demônios
Levem minha alma
E às sete horas caiu...
Caiu por não suportar
Todo peso da tristeza
Por perder tuas asas.