A dor me vinha como avalanche
Era a saudade pedindo revanche
Divertindo-se com minha solidão
Eu pedia ao universo outra chance
Criava em sonhos um novo romance
E despertava às cegas na escuridão

Meu peito aberto mostrava o vazio
Meus olhos pareciam dois bravos rios
Que teimavam em buscar algum mar
Esse amor outrora quente, hoje frio
Era um jogo de morte, louco desafio
Que não sabia aonde iria chegar

Minha alma nua já saíra de mim
Porque acreditava que tudo era fim
E sem ter espaço, nem canto ou poesia
Flutuava a esmo entre flores e jardim
Como um perdido e triste querubim
Que do paraíso, sem motivo fugia

Vi meu amor se perder no oceano
Já não possuía mais nada de ufano
Era um pássaro calado e ferido
Um sobrevivente de tantos desenganos
Dilacerado, cansado por todos os danos
Que o tornaram um expectro perdido