Fecham-se as cortinas
E minh'alma pequenina
Recolhe-se à realidade
Sem máscara e fantasia
Onde a tal felicidade
É sala de espetáculo vazia

Neste momento nada é falso
Já não se ouvem aplausos
A plateia não pede bis
O artista volta a ser humano
O humano volta a ser infeliz
Entre dores e desenganos

No real não existe ensaio
A vida parece um balaio
Um show de improviso
Sem trilha ou fundo musical
Mas, viver ainda é preciso
Mesmo sem efeito especial

Aqui não sou ator, atormentado
Na tormenta do coração quebrado
Desempenho esse difícil papel
Onde finjo ser o duro vilão
Às vezes encarno o menestrel
Que canta pra espantar a solidão

Fecham-se as cortinas
Voltamos, então, à rotina
Nesse quotidiano espetáculo
Onde a vida escreve o roteiro
Um monstro com seus tentáculos
A nos abraçar por  inteiro




"O espetáculo termina, ela retira a maquiagem, volta à rotina, revela sua imagem... e chora..."