Poesias molhadas

Me acostumaste mal,

Presenteava-me com tuas palavras belas,

Era escultor de cirandas aquarelas,

Me sentia ser transcendental.

Musa sempre sonhei ser,

De um poeta com asas invisíveis,

Tornar nossas almas indivísiveis,

Vermos,sempre e para sempre, juntos o entardecer.

Mas as estrofes sumiram,

As cores fugiram.

A mão estática,

A menina esquecida, ficando apática.

Meus sonhos entrando em puro colapso,

Trazendo à tona a certeza do lapso,

O descuido que poderá muito doer,

O mal costume chamado sofrer.

Minhas mãos tremulam por sobre papéis molhados,

Palavras rebocadas,

Sonhos náufragos, seres desgraçados,

Vida sem texto, sem contexo, decepadas.

A boca endurecida,

Outrora dizia-te "amor",

Hoje, desvairada e sem pudor,

Solta frases ensandecidas.

Tudo pelo teu silêncio, tua promessa esquecida.

No cais pedra solitária, jaz lá tua "querida".

Desculpas, poucas e esfarrapadas,

Fazem meus olhos produzirem poesias molhadas.

Mary Rezende
Enviado por Mary Rezende em 06/05/2009
Código do texto: T1578942
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