Poesias molhadas
Me acostumaste mal,
Presenteava-me com tuas palavras belas,
Era escultor de cirandas aquarelas,
Me sentia ser transcendental.
Musa sempre sonhei ser,
De um poeta com asas invisíveis,
Tornar nossas almas indivísiveis,
Vermos,sempre e para sempre, juntos o entardecer.
Mas as estrofes sumiram,
As cores fugiram.
A mão estática,
A menina esquecida, ficando apática.
Meus sonhos entrando em puro colapso,
Trazendo à tona a certeza do lapso,
O descuido que poderá muito doer,
O mal costume chamado sofrer.
Minhas mãos tremulam por sobre papéis molhados,
Palavras rebocadas,
Sonhos náufragos, seres desgraçados,
Vida sem texto, sem contexo, decepadas.
A boca endurecida,
Outrora dizia-te "amor",
Hoje, desvairada e sem pudor,
Solta frases ensandecidas.
Tudo pelo teu silêncio, tua promessa esquecida.
No cais pedra solitária, jaz lá tua "querida".
Desculpas, poucas e esfarrapadas,
Fazem meus olhos produzirem poesias molhadas.