Poema da fênix

Acordo pela última vez,

Sento-me sozinho na mesa pela última vez,

Aquela solidão matinal me abala pela primeira vez,

Saio de casa pela última vez.

Olho para a cidade pela última vez,

Me apaixono por aquela desconhecida pela última vez,

Compro meu cigarro pela última vez,

Tropeço naquela mesma calçada pela última vez.

Sento-me num banco da praça pela última vez,

Me perco na ternura daquele casal de namorados pela última vez,

Sorrio para aquela criança anônima tão conhecida pela última vez

Olho para o relógio indiferente pela última vez.

Vou encontrar o mar pela última vez,

O pôr-do-sol me encantará pela última vez,

A brisa noturna me acariciará pela última vez,

Viro a costas para o horizonte crepuscular pela última vez.

Volto para casa pela última vez,

A solidão de suas portas me comove pela última vez,

Entro no aconchego do meu quarto pela última vez,

Deito-me e espero morrer pela primeira vez.

Balthazar Sete sóis
Enviado por Balthazar Sete sóis em 17/03/2009
Código do texto: T1490381