Derradeiro e Genuíno

Às avessas de todo sentimentalismo barato e banal

Dos pseudos poetas românticos dessa geração

Sou! Mas o que tenho dentro de mim afinal?

Um acúmulo negativo de toda aflição,

O sofrimento absconso rejeitado ou sofro do mal,

Do genuíno mal do século pagão?

Acaso quem se habilita a romper as barreiras

Físicas da Dor e desvendar os mistérios

Ocultos da Morte? Jazer entre as caveiras

Mefíticas sepultadas nos atros cemitérios

E Delas retirar as verdadeiras

Explicações do que se sucede nos momentos deletérios?

Sou descendente dos malditos bardos. Sou tuberculoso,

Cardíaco, lânguido, lázaro... enfim um infeliz

Que encarnou errante nesse tumultuoso

Período de transição astrológica. Fiz

O que pude para não sucumbir (umbroso)

Nas névoas gélidas e vis

Do mesmo fracasso anterior a essa vinda.

Mas não há vida pós-morte! Só resquício

De si mantido nas células progenitoras. Ainda

Crês na imortalidade? Nesse vício

Cristão de Beatitude infinda?

De que morrer é apenas um início?

Ó almas apegadas à crença zoroástrica de ressurreição

Digo-lhes: – Morri uma vez e nessa circunstância

Só senti o nada da Escuridão.

Não existe o Além Daqui...a ânsia

Do outro mundo é pura invenção.

A carne apodrece e é só. Acabou! Eita repugnância!

(23/12/2008)

Marcell Diniz
Enviado por Marcell Diniz em 16/03/2009
Reeditado em 11/12/2010
Código do texto: T1489078
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