FILHA DE MARIA - II

Arrependido,

Choro ao entardecer

Ao lembrar de um lugar distante

Que há tempos me viu nascer.

Lá, onde todas as tardinhas,

Eu, feliz cantava para você!

Eram canções escolhidas, que faziam

Seu coração enternecer,

E, comovida, em doces carinhos

Para os meus braços correr.

Mas a procura da fama

Em busca dos sonhos meus,

Afastei-a tristonha e chorosa

E lhe pronunciei a palavra adeus.

Parti sentido, ferindo a mim mesmo,

Lutei, muito eu chorei,

Erroneamente que venci, eu achei.

Foram novos encantos, tantos amores,

Mas de você nunca esqueci

E não quero lhe contar agora

Na falsidade destes amores

O que passei, o que sofri!...

Eles só contribuíram para agravar

A tristeza e a loucura que cometi,

Comigo, com você, quando me despedi.

Hoje não sei o que faço

Para aliviar a minha alma sofredora

Porque estes novos amores

Abalaram-me o peito

Multiplicando as minhas dores.

Eu vivo hoje da feliz lembrança

De um amor criança, minha alegria!

Um século se passou,

Mas como a amo ainda,

Jovenzinha linda

Filha de Maria.

Elio Moreira
Enviado por Elio Moreira em 09/02/2009
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