ABANDONO
É sem volta o caminho.
Não há como repisar os próprios passos...
Melhor deixar de ser
E prosseguir, estrada nova...
Um atalho, talvez, a mim mesma?
Na busca, ânsia louca por encontrar-me,
Creio ter me perdido...
Amar demais, entregar-me a isso,
Nunca foi receita de felicidade,
Mas é o que sou, como mudar?
Entre o turbilhão de hormônios
Que grita em mim o sexo urgente
E o coração adolescente que sonha o amor encantado
Existe uma pessoa, por vezes sem face,
Tentando, em vão, encontrar-se...
Do caminho palmado por erros,
Infantil e ridícula que fui,
Lágrimas de tristeza e solidão doloridas,
Constatando que me deixei usar, em inútil amizade,
Ou nas marcas vadias deixadas no corpo,
Orgasmos sem amor, nem sempre intensos,
Prazer que se vai num átimo,
Riso que oculta a dor que padeço,
De buscar em mim o eu que desconheço.
Não sei pra onde vou, nem como vou...
Sigo inerte, barco à deriva no oceano
O vento e as ondas me levem
Quem sabe, ao encontro dos próprios sonhos?