O OUTRO LADO

Minha alegria se resumia

Na ternura de seu amor,

Em você o carinho e o respeito

Bem longe das futilidades,

Dos preconceitos que ditam regras

E deturpam os valores da verdade,

Sem a pressão do convencional,

Da obrigação social, da hipocrisia.

Até que um dia... Longe de você,

Perdi embrutecido, de tudo a noção,

Passei a viver arrastado pela vida

Com um sorriso nos lábios

E a magoa no coração.

Tentando fugir de mim mesmo

Afundando-me no vicio da mentira

Sentindo-me cada vez mais solitário,

Mais infeliz e abandonado

Sofrendo os vazios de meus dias

Sem objetivo, sem calor.

Em mim, o véu negro da solidão,

O desencanto, a amargura e a dor,

Mascarando uma felicidade inexistente

Lutando para que não percebam

A minha vida inútil e carente,

Fazendo o papel de homem feliz

Aparecendo diante dos outros

Como um vencedor, um forte,

Alguém que conseguiu

Finalmente conquistar a igualdade,

Despertando admiração e a inveja

Daqueles que como eu perderam a realidade.

Minha vaidade se satisfaz com isso,

Mas o coração infeliz,

A angústia que me acomete

Cada dia mais difícil de suportar.

Não tenho mais coragem

Para enfrentar os antigos preconceitos,

Sinto-me preso ao que me sufoca

Sem nada fazer para modificar-me,

Carrego no íntimo o peso da culpa

Consequência de atos passados,

Ao qual não tenho o direito de queixar-me.

Não sei como encontrar razão

Para que consiga reagir, talvez,

Se um dia me deres o seu perdão.

Elio Moreira
Enviado por Elio Moreira em 26/01/2009
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