No escuro do meu quarto
Escondi-me nos escuros do meu quarto
só pra não verem o que te escrevo e espero
já de longe em longe ouço teus cantares
e luto pra não ver
que me abandonas
Minhas distâncias te aborrecem
pelas impossibilidades que geram
e já apenas minhas palavras não te satisfazem
e sais
órfão de outros carinhos...
O ciúme me desconcerta
e desajeitado e tosco
fico olhando o nada...
a porta fechada em minha frente
não tem maçaneta
e não tenho mão para alcançá-la
nem pés que possam correr ao teu encontro
nem mais vida, nem mais nada
Alimento-me, precariamente
só pra não cair
cheio de moscas
na beira da estrada
meu andar é lento
e durmo pouco porque
sei que lentamente te alheias
E nessa batalha em que perco
muitas carnes
e minha beleza se transforma em ossos
sou simplesmente um verme
rastejando neste chão frio
de tuas altas espáduas
e tenho medo.