O corcel
O vento frio assobia em seus ouvidos
Enquanto afrouxam-se as rédeas
E o corcel, indomável, preciosa carga leva...
Uma dama alva,
Cuja cabeleira ruiva se abre em leque...
Cascata de fogo,
Que se espalha no ar...
Em meio a louca disparada,
Ele se recusa a pensar...
Deixa o vento secar as lágrimas,
E a leva
Ao longe e além...
Ele entende sua senhora como ninguém...
Sabe do que ela necessita
Para sua alma descansar...
E decidido, redobra o cavalgar,
Levando-a para um refúgio sagrado...
Em meio ao silêncio do descampado,
Existe uma mata que o tempo esqueceu...
Uma trilha tão velha quando aquela terra,
Que leva a um lugar
Onde um coração em guerra
Pode um pouco de paz desfrutar...
E após enveredar-se na velha trilha,
Percorrendo-a em cautelosas passadas,
O corcel estaca diante das pequenas enseadas
Formadas por uma pequena cachoeira,
Onde as fadas vem brincar...
E sua senhora desce e
Ele fica a velar,
Enquanto o leque de cabelos rubros
Se tornam uma mancha a flor da água...
E paciente o corcel espera
Que a cachoeira lave as mágoas
Que sua senhora, aos olhos de todos,
Se recusa a demonstrar...
Por dois longos dias
Ele a viu chorar
Escondida, em diversos momentos...
Baixos soluços, abafados pelos ventos...
Lágrimas amargas seu pescoço a molhar.
É por isso que ele cavalgou,
Loucamente,
Sem que fosse necessário incitar...
Tem saudade do riso,
Da alegria e do canto de sua senhora...
Do verdadeiro,
Não da máscara que ela usa agora,
Para dor que a consome ocultar.