Amargo remédio

Sentada diante de uma janela,

Fiquei a ver o dia...

Vi chegar a noite...

Vi a madrugada terminar...

Me deixastes assim,

Sem explicação,

Entregue a dúvida e a solidão...

Dúvida sobre o que dizias.

Solidão por me perder de mim.

Sem chance de me encontrar...

Odeio sentir minha alma se desgarrar....

Por isso, me entrego a insônia

Escutando o vento...

Talvez o frio, o uivo, o lamento,

Do minuano que sopra

Ajude a me consolar...

Ou, talvez,

Os sonhos, consumidos em cinzas,

Esse vento frio

Possa dispersar...

Envolta em pesada coberta

Vi o sol nascer...

Queria viver, queria morrer...

Queria chorar.

Porque fostes me deixar?

Podias, ao menos, ter deixado a inspiração...

Mas a levaste, sem consideração...

Ah, que forma dolorosa de uma alma amputar.

Deixar apenas uma dor a cutucar,

Roubando qualquer alegria

Que poderia se transformar em verso...

Agora entendo...

Fui vítima de um sentir perverso...

Que tudo queria,

Tudo pedia...

Mas na hora que precisei,

Até o consolo se pôs a negar.

No silêncio amargo passou a me deixar,

Perdida na solidão,

Em espera nas horas tardias...

Veneno da noite,

Veneno do dia...

O veneno da desilusão, da depressão,

Do profundo tédio...

A tristeza de amor é um amargo remédio...

Mas sem ela, não hei de me curar.

Zannah
Enviado por Zannah em 18/10/2008
Código do texto: T1234635
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