As cartas
Cartas que chegam,
Por mãos apressadas...
Pequenas, amarfanhadas...
Sempre de outros,
Nunca tuas...
Por que me irrito e as retorço,
Em minhas mãos nuas?
É pelo não vir
Ou pelo meu esperar?
A correspondência que chega
E sempre a mesma...
Nunca se altera,
Não muda...
O que me faz definhar.
Anúncios, contas, pedidos....
Após os lacres partidos,
Resta-me apenas delas me desfazer
Ou guardar:
Não há nada ali para me alegrar.
Como o corvo de Noé,
Para mim é o carteiro...
E eu?
Quando me tornei esta triste oliveira?
Por quanto tempo
Pela pomba irei esperar?