Depois, depois...
O rosto, que ainda vejo, ferve..
borbulha,
calcula,
lembra.
Rosto que eu antevia, antes da tua partida...
e da chegada
das dores no peito e na alma.
O rosto
o beijo tão salgado...
minha amargura em te amar futuro...
alguém que ainda vai ser...
e a impaciência da calma;
o medo de querer demais
o querer-te assim,
como não és...
como não fui quando me queriam um dia.
O rosto:
com rugas já previstas...
porque a vida é passarinho...
e eu, estadia num corpo que morre, lento.
O rosto, tão resto
de lárimas e pedaços
e quases
e a tua partida...
a tua chegada, antes e tudo:
dolorosa, como só ela podia:
um beijo amargo e dolorido;
um não-beijo,
roçar de lábios trêmulos e incertos...
Depois, depois...