Marcas

Aí como esquecer teus olhos

e o símbolo de dor que deixaste em minha alma,

a marca lacinante no pensamento,

e o cansaço nos meus pés.

Tu, oh passado, as terras onde pisei,

onde semeei o meu sangue e

a minha juventude,

roubaste de mim a flor mais altaneira,

a mente vazia e sem desencanto.

Tu, oh meu presente, me conheceste um homem

com calos e rugas, com ardor no peito,

e já com falhas na memória.

Não me recordo onde deixei meu espírito,

misturei minha pele à terra

e rendi meus esforços aos céus.

Oh evo, meu futuro não vislumbrado,

desgarre meus dedos do meu próprio caminho.

Liberte-me e sare minhas chagas.

Quero eu, pobre marcado, bailoçar

em tuas asas, ser alvo, ser ar e ser vazio.