Saudade daquele sol de manhã.

Da brisa e do orvalho na roseira

Do despertador barulhento.

De ter fé terçã.

 

Saudade do uniforme.

Da saia plissada e o cinto forrado.

Da estrela em forma de broche.
Colocada na blusa.

Deixando-me condecorado.

 

Adorava ser normalista.

Aliás, a escola era o segundo lar.

A bibliotecca um pequena paraíso.

Na conturbada vida lá fora.

Nos livros, tudo era possível.

Inclusive o direito de ser ímpar.

 
No trânsito barulhento.

No ônibus lotado.

No suor amaldiçoado.

E. na pressa infinita.

Num viver açodado.

 

Minha memória arquiva

saudades infinitas

e se esquiva

das dores de crescer.

 

Saudades do apontador de lápis.

De escrever alinhadamente.

Minhas pobres poesias

Que rimavam com alegrias

ínfimas.

 

Saudades de ter saudade.

De suspirar em reticências

De observar as essências

se misturarem, evoluírem

e, deixar tudo em plena liberdade

 

Para nascer, crescer e morrer.

E, ter dignidade.

Porque somos finitos.

Porque somos incompletos.

Principalmente, os prematuros

Que nasceram e expulsaram-se

do ventre materno

na sede de vida,

na sede infinita

de sobreviver.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 28/04/2024
Código do texto: T8051718
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