J.
Tanto que eu queria compartilhar
músicas que só contigo tinham sentido
que eu ouvia pelos teus ouvidos,
as canções que teus lábios desenhavam
acordes vagamente passageiros,
tantos livros que desejaria comentar
mirado de seus olhos inteiros
que não entendiam, mas sorriam,
tantos momentos que se perderam.
Um dia tudo se perderá de qualquer jeito,
minha memória se tornará vazia
como um reflexo que ninguém olha,
uma lágrima desaguada de lembrança,
uma mirrada criança que só chora.
Ainda que registre em poesia,
sem você que tanto me inspira
será só a respiração de oxigênio extinguido
meu sonho terá morrido, terá acabado.
Tenho medo de não te reconhecer
que eu acorde sem você em meu passado
e conclua que a vida ali terá começado,
tenho medo de achar tudo sonhado
e viver a vida estando habituado
sem suas piadas, seus devaneios,
sem teu jeito de ser bibliotecária,
um princípio vital de mim sempre perdido
de um vazio que terei incônscio preenchido.