J.

Tanto que eu queria compartilhar

músicas que só contigo tinham sentido

que eu ouvia pelos teus ouvidos,

as canções que teus lábios desenhavam

acordes vagamente passageiros,

tantos livros que desejaria comentar

mirado de seus olhos inteiros

que não entendiam, mas sorriam,

tantos momentos que se perderam.

Um dia tudo se perderá de qualquer jeito,

minha memória se tornará vazia

como um reflexo que ninguém olha,

uma lágrima desaguada de lembrança,

uma mirrada criança que só chora.

Ainda que registre em poesia,

sem você que tanto me inspira

será só a respiração de oxigênio extinguido

meu sonho terá morrido, terá acabado.

Tenho medo de não te reconhecer

que eu acorde sem você em meu passado

e conclua que a vida ali terá começado,

tenho medo de achar tudo sonhado

e viver a vida estando habituado

sem suas piadas, seus devaneios,

sem teu jeito de ser bibliotecária,

um princípio vital de mim sempre perdido

de um vazio que terei incônscio preenchido.

Diego Duarte
Enviado por Diego Duarte em 16/07/2022
Código do texto: T7560583
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