DESMEMÓRIA

Quero e irei apagar você de mim!

E todas as impressões que me deixou.

Vou vagar solitário pelo país

Em busca de caminhos e solidão

Tenho em meu corpo o vergão

Chaga dos açoites da paixão

E dessa tresloucada aparição

Só me recordo que perdi minha memória!

Vou erguer uma enorme amurada

E meter-me seguro em seu meio

Vir à tona, vez em quando, - não é medo!

É paixão que amedronta, - não a quero mais!

É paixão, essa senhora mordaz

Que escraviza e a mim atemoriza.

Eis a perda incurável de ser amado!

É paixão, definitivamente, não é amor!

É vilipêndio às expensas do equilíbrio

É sucedâneo de tentativa de suicídio

E um gosto amargo do fracasso!

Eu me refaço dessa louca sensação

Eu me desfaço de um braço

Ou de um bem mais valioso

Para deixar essa viciosa encarnação.

Vou fugir de suas marcas

Grosseiras e malacabadas

Vou curá-las em mim mesmo

E depois, encontrarei a paz!

Trago as marcas em meu corpo

Menos sutis que aquelas d’alma.

Parto solitário e sem amarras

Para longe, bem pra longe de suas mãos.

GUI MENDEZ
Enviado por GUI MENDEZ em 28/03/2021
Código do texto: T7218050
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