DESENCANTO
O calor da madrugada esconde o breu estrada afora.
A fissura de agora aflora a natureza viva dos afetos cotidianos,
nas baladas das sirenes da madrugada.
Amores de festa é o fio vaporoso do amor que resta,
veste a vida e congela as lágrimas,
afaga em si a linguagem dos dias,
camada fina e fria duma floresta cheia,
de amor que corria nas veias em um mar denso de vibrações,
que se transformou nesse trilho sem vagões.
Nesse hospício urbano que engana o engano,
tudo é fugaz, tudo é plano não perene, reta sem fim,
que vegeta carência em você, em mim.
Na estação das flores que exalava bem estar,
vejo a vida secar como a filha que desgarra do galho e
segue na noite sem orvalho.
Aqui, neste instante, a beleza de antes se dissipou,
o desvario voraz a borracha do tempo apagou.
Ele diz que é doce sabor, viver de prazer.
O presente de ontem ainda nos revigora ao nascer do dia,
aurora da memória vital de amar.