DESENCANTO

O calor da madrugada esconde o breu estrada afora.

A fissura de agora aflora a natureza viva dos afetos cotidianos,

nas baladas das sirenes da madrugada.

Amores de festa é o fio vaporoso do amor que resta,

veste a vida e congela as lágrimas,

afaga em si a linguagem dos dias,

camada fina e fria duma floresta cheia,

de amor que corria nas veias em um mar denso de vibrações,

que se transformou nesse trilho sem vagões.

Nesse hospício urbano que engana o engano,

tudo é fugaz, tudo é plano não perene, reta sem fim,

que vegeta carência em você, em mim.

Na estação das flores que exalava bem estar,

vejo a vida secar como a filha que desgarra do galho e

segue na noite sem orvalho.

Aqui, neste instante, a beleza de antes se dissipou,

o desvario voraz a borracha do tempo apagou.

Ele diz que é doce sabor, viver de prazer.

O presente de ontem ainda nos revigora ao nascer do dia,

aurora da memória vital de amar.

Orlando Alves Ribeiro
Enviado por Orlando Alves Ribeiro em 22/07/2020
Reeditado em 23/09/2020
Código do texto: T7013882
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