SERRA DA BUCANA

Recebi de um amigo um vídeo que me trouxe muitas lembranças da minha infância.

Me lembrei das viagens para a casa da vovó na carroceria do caminhão do meu pai, levávamos um violão e cantávamos durante todo o caminho.

Recordei com certa nostalgia das vezes em que o carro atolava no barro e fazíamos guerra de lama.

Dos pés descalços, dos momentos em que subíamos nas árvores para comer frutas, das histórias que ouvíamos no velho banco azul do meu avô enquanto escutávamos o barulho das lenhas queimando no fogão.

Banhos de rio, poeira na estrada, céu lotado de estrelas, lampião e lamparina.

Me veio saudade de um riso fácil, das histórias do meu pai, das canções cantadas naquelas viagens, das piadas da minha mãe, das gargalhadas da minha irmã, das aventuras com a minha prima onde era possível desbravar montanhas.

E agora quando penso no ruído daquela porteira que se fechou pelo caminho, sinto um aperto no peito, depois respiro, dou um sorriso ao lembrar daquela menina que fui um dia e continuo a minha subida daquela serra cheia de curvas e voltas, olhando através da janela a paisagem e escutando a segurança contínua do ruído do motor, pois aprendi com o meu avô que as lembranças podem se tornar poesia.