Recife II - 2.3.2015
Agora chego em casa
desfaço as malas
e ponho cada coisa em seu lugar
mas as coisas não estão mais lá
são estranhas à casa...
e cada roupa, cada objeto
que eu tiro e guardo no guarda-roupas
no banheiro, na estante
relutam e me olham de volta
estão repletos de memórias daí...
e sua casa já não é mais aqui, mas o mundo
que eles habitaram... em um verão
que eu pulei carnaval sem medo do amanhã
com as pessoas que eu mais amei naquele momento
Agora essa camisa está pendurada na cadeira
ela contém seu último abraço
Meu travesseiro está sem fronha
Eu acordei ao lado deles por tantos dias
levantei e fiz café
Agora estou sozinho...
Hoje não vou descer dez andares porque o elevador está
ou não estragado, não importa
Não vou ver ele ao entardecer
Nem posso ir ao cinema no fim da rua
Nem sentar na sacada e rir das histórias absurdas
fumando um cigarro com eles
Hoje eu não vou ser feliz, eu não posso
Minha felicidade ficou lá
e eu fiquei com as lembranças
dentro dessa mala
quase vazia